A gestão eficiente dos recursos vinculados à saúde pública é um dos maiores desafios enfrentados pelos secretários municipais. Em muitos casos, a falta de planejamento, conhecimento técnico ou estratégias adequadas pode não só gerar prejuízos financeiros, mas também comprometer diretamente o atendimento à população.
Neste artigo, vamos destacar os três principais erros cometidos na administração desses recursos e apresentar um método prático e estratégico para otimizar o uso do orçamento vinculado à saúde. Se você é gestor ou trabalha com planejamento público, este conteúdo é essencial.
Erro 1: Uso inadequado ou paralisado dos recursos vinculados
Muitos municípios recebem verbas específicas para áreas da saúde, mas esbarram em um problema comum: não sabem como usá-las corretamente. O dinheiro fica parado nas contas, sem gerar impacto, e isso pode levar a:
Glosas (cortes nos repasses),
Devolução dos recursos aos governos federal ou estadual,
Desperdício de verbas que poderiam salvar vidas.
Além disso, a falta de ação nesse aspecto é um forte indicativo de ineficiência na gestão pública, prejudicando todo o sistema de saúde local.
Erro 2: Falta de planejamento para atender as principais demandas da população
Consultas, exames e atendimentos básicos são as maiores demandas da população. No entanto, sem planejamento adequado, os recursos se esgotam rapidamente — geralmente por volta de setembro ou outubro — deixando a população sem atendimento e os profissionais de saúde sobrecarregados.
Esse erro pode ser evitado com gestão preditiva e alocação inteligente dos recursos, sempre de acordo com as reais necessidades da população.
Erro 3: Utilização equivocada dos recursos livres
Outro erro comum é usar recursos livres em áreas onde os vinculados poderiam ser aplicados. Essa má alocação gera um efeito dominó no orçamento municipal, impossibilitando investimentos futuros em equipamentos, veículos, reformas e outras melhorias.
A solução? Gerir os recursos vinculados com precisão estratégica, liberando o caixa livre para iniciativas que realmente precisam de flexibilidade.
O Método em 3 Passos para Transformar a Gestão de Recursos Vinculados
A boa notícia é que existe um caminho comprovado para mudar esse cenário. Abaixo, apresentamos um método simples e prático que já ajudou diversos municípios a economizar até R$ 500 mil por mês e transformar recursos em resultados reais na saúde pública:
1. Mapeamento das Necessidades Reais do Município
Antes de qualquer decisão, entenda a realidade local. Utilize dados de sistemas como e-SUS, SISAB, e converse com sua equipe: enfermeiros, agentes comunitários, administrativos — todos podem fornecer informações valiosas.
Além disso, envolva o contador na análise dos recursos disponíveis. Uma parceria sólida com a contabilidade é crucial para ajustar a aplicação dos recursos de forma legal e eficiente.
2. Organização e Vinculação dos Recursos aos Centros de Custo
Com as necessidades mapeadas, o próximo passo é organizar os recursos e vinculá-los corretamente:
Recurso X → folha de pagamento de enfermeiros;
Recurso Y → saúde bucal;
Recurso Z → agentes comunitários.
Ajuste o centro de custo e faça a adequação da folha de pagamento. Isso permite uma visualização mais clara do que está sendo feito e evita surpresas no fim do mês.
3. Vincule os Recursos aos Indicadores de Saúde
Aqui está o pulo do gato: para garantir repasses e até aumentá-los, é fundamental atingir os indicadores de desempenho exigidos pelo Ministério da Saúde.
Crie ações estratégicas ligadas a indicadores específicos:
Saúde da mulher,
Doenças crônicas (hipertensão, diabetes),
Cobertura vacinal,
Saúde bucal.
Utilize planos como o Plano Municipal de Saúde, o Plano Anual de Saúde (PAS) e o Relatório Detalhado do Quadrimestre Anterior (RDQA) como norteadores. Acompanhe esses indicadores mensalmente, e não apenas nos relatórios obrigatórios.